sábado, 24 de outubro de 2009

Quando te disserem...



Quanto te disserem que morri
não penses que me matei por ti.
Morrer não foi fugir,
morrer foi encerrar um livro
com as páginas finais ainda por abrir.
Quando fechei os olhos
há muito já eles tinham desaprendido
o hábito de olhar.
E a minha boca fechada,
rigorosamente fechada,
continha a voz silenciada
do muito sabor a nada,
do nada para dizer.
Foi sossegar
não foi morrer.
Quando te disserem que morri
não penses que me matei por ti,
matei-me porque o meu corpo
estava farto de si.

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